Mas, muito se engana quem acha que o gênero sempre foi assim. Ao longo de tantos anos de estrada, muita coisa mudou. A cronologia é grande! O sertanejo vai do relato da vida no campo a tramas de traição e intrigas nas cidades grandes. As letras e o ritmo foram variando de acordo com o gosto, com o estilo dos cantores e com a modernização dos instrumentos.
Com tanta mudança ao longo desses anos, que tal conhecer agora, em detalhes, a história do sertanejo e quais foram os artistas que marcaram a sua evolução?
Como o sertanejo começou?
Durante a colonização brasileira, as modas de viola eram muito comuns entre os portugueses. Em uma roda, as pessoas se reuniam para comer, beber e contar histórias.
Foram os europeus que trouxeram esse instrumento e esse costume para as nossas terras. Além disso, os jesuítas também já usavam a viola para cantar canções católicas para os índios e para promover festas religiosas.
No entanto, de acordo com os estudiosos e historiadores, as primeiras composições de fato classificadas como sertanejo só apareceram no Brasil em 1929, (91 anos!) com o pesquisador, escritor, compositor e humorista Cornélio Pires. Ele queria divulgar o modo de vida do caipira para o restante do país através de músicas e peças teatrais. Por isso, o início desse estilo foi representado por canções sobre a vida no campo e os costumes do interior. Só um tempo depois é que o homem da cidade começou a aparecer nas letras.
Os primeiros grandes sucessos do sertanejo
Foi também na década de 1920 que figuras marcantes do sertanejo começaram a surgir, aquelas composições conhecidas como sertanejo raiz ou música caipira que tocam no “modão” da Alô FM.
A dupla Tonico e Tinoco, por exemplo, foi formada naquela época e ainda é muito lembrada atualmente, desde os fãs mais antigos até as novas gerações.
Sem falar nas canções que foram lançadas nesse início e são consideradas os primeiros grandes sucessos do estilo, como O Menino da Porteira.
A evolução instrumental do sertanejo
No início, os músicos que tocavam e cantavam sertanejo utilizavam, basicamente, a viola caipira, a gaita e outros instrumentos regionais. Com o passar dos anos, esse formato evoluiu e outros foram incluídos, como a harpa e o acordeão.
Por incrível que pareça, a mudança também foi motivada pelo final da 2ª Guerra Mundial, em que ritmos europeus, como a polca, foram incorporados às composições nacionais. Inspirados pelos artistas internacionais, Milionário e José Rico, por exemplo, passaram a usar o violino e o trompete em suas canções.
Além disso, o formato tradicional da dupla formada apenas por homens foi ficando para trás. Em 1945, os primeiros nomes femininos do sertanejo surgiram, com destaque para Cascatinha e Inhana e as Irmãs Galvão. Elas foram as precursoras do feminejo que conhecemos hoje!
Como o sertanejo se modernizou então?
Ele ultrapassou os obstáculos e conseguiu a tão sonhada modernização. Mas isso só aconteceu entre as décadas de 1960 e 1970, quando o country americano dominou as rádios do Brasil. Essa influência proporcionou aos músicos brasileiros contato com uma nova forma de compor.
Com a chegada da guitarra elétrica, o estilo foi evoluindo cada vez mais e o instrumento fez com que as canções ficassem mais modernas e aprimoradas. Foi então que as canções mais tradicionais, que retratavam a vida simples no interior, começaram a se tornar mais parecidas com as que conhecemos hoje. E o público respondeu de forma muito positiva!
E o romantismo, quando apareceu?
Em 1980, o sertanejo alcançou novos patamares entre os estilos musicais brasileiros. Ele começou a ser tocado nas rádios, em todos os horários, desde os programas matutinos até os noturnos. Foi nessa época também que as duplas começaram a incluir elementos românticos em suas letras. Trechos sobre a solidão, o abandono e a tristeza de perder um grande amor foram aparecendo e conquistaram o público na hora! Tornou-se uma música comercial, passando a ser trilha de novelas de grande sucesso com canções como “Fio de Cabelo”, “É o amor”, “Evidências” e tantas outras.
E a gente nem precisa citar as duplas que souberam (e ainda sabem) fazer isso muito bem, não é mesmo? Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo, João Paulo e Daniel, Zezé Di Camargo & Luciano com sucessos que até hoje emocionam os fãs.
Nalva Aguiar e Roberta Miranda foram as mulheres que tomaram conta do cenário sertanejo nesse período. Roberta Miranda chegou a vender um milhão de cópias em seu primeiro disco, com músicas embaladas por letras românticas que tratavam dos relacionamentos, sofrimento e ausência da pessoa amada.
Como surgiu o sertanejo universitário?
Lembra que, bem no início, as músicas sertanejas eram voltadas para o homem do campo e a vida bucólica no interior? Pois é, essa realidade mudou e o estilo acabou dominando as grandes cidades, as festas e os jovens.
Na virada do milênio, a música sertaneja recebeu forte influência do ritmo eletrônico, funk carioca e pop, dando origem ao sertanejo universitário e conquistando um público mais jovem. Duplas como Maria Cecília & Rodolfo, César Menotti & Fabiano, Victor & Léo, Jorge & Mateus e os cantores Luan Santana, Gusttavo Lima, Michel Teló e muitos outros levaram seus fãs à loucura.
Para se ter uma ideia do reconhecimento, duplas passaram a exportar suas músicas numa pegada made in Brazil, mais popularmente conhecida como made in roça, com shows que hoje chegam a custar meio milhão de reais, como da dupla Jorge & Mateus (segundo o site Movimento Country) atravessando fronteiras em turnês no continente Europeu e América do Norte.